Enquanto boa parte do meio político e da mídia comprada tenta censurar Moro, o Exército decidiu mostrar seu apoio ao magistrado que tem destruído alguns dos mais poderosos e antes intocáveis, bandidos deste país.
Ao mesmo tempo em que o Senado abria a sessão que julgará o impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff, o juiz Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava Jato desde 2014, estava sendo homenageado pelo Comando do Exército, ao ser condecorado com a Medalha do Pacificador. Sérgio Moro, que foi o centro das atenções da cerimônia, alvo de tietagem de civis e militares, evitou polemizar com o ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, que criticou seu trabalho, o pacote de dez medidas contra corrupção e atacou o vazamento de informações da Lava Jato.
Não tenho comentários a este respeito”, disse Moro à reportagem, ao ser questionado se responderia às críticas de Gilmar Mendes, depois de pacientemente atender aos inúmeros pedidos para tirar inúmeras fotos e selfies com “fãs” com e sem farda, de todas as patentes, que o homenageavam no Quartel-General do Exército, em Brasília. Moro declarou ainda que não se considerava alvo de ataques. “Não creio que tenha sido alvo de ataques dessa forma. Mas não tenho comentários sobre isso”, observou, tentando não alimentar a polêmica.
Além do juiz, outras 355 pessoas foram condecoradas com a Medalha do Pacificador, em Brasília, e receberam suas comendas ao lado de Moro. “Hoje é um dia que eu vim aqui receber esta homenagem do Exército. Meus comentários são apenas em relação a isso. Não tenho comentários sobre outros assuntos”, completou sem querer falar de nenhum outro tema político. O juiz titular da 13ª Vara Criminal de Curitiba afirmou ainda que o trabalho de combate à corrupção “é um trabalho institucional, não é um mérito individual e existem várias instituições envolvidas”. Disse também que “ficou honrado” com a homenagem porque o Exército “tem toda uma história de serviços prestados ao País e é uma instituição absolutamente honrada”. E emendou: “ter apoio de outras instituições, especialmente como esta, para mim e para a Justiça Federal, é muito importante”.
O ministro da Defesa, Raul Jungmann, e o Comandante do Exército, Eduardo Villas Bôas, destacaram que a medalha do Pacificador, que também foi entregue a Moro, é uma homenagem a “pessoas e instituições que prestaram relevantes serviços ao País”. Segundo Jungmann, “o juiz Sérgio Moro tem relevantes serviços prestados ao Brasil, à democracia e, obviamente, em decorrência disso, às Forças Armadas, e ao Exército”. E acrescentou: “é um justo reconhecimento pelo trabalho feito pelo juiz Moro e à instituição que ele pertence, que é a Justiça Federal”.
O comandante do Exército, por sua vez, explicou que o juiz Sérgio Moro estava sendo condecorado “pelas mesmas razões que outras 1.023 pessoas foram condecoradas hoje, em cerimônias semelhantes a estas, em todo o território nacional”. Questionado se a condecoração a ele era pelo fato de o juiz ter se tornado um ícone ao combate à corrupção, o general Villas Bôas respondeu: “no universo das pessoas condecoradas há símbolos em vários setores e atividades da sociedade. São pessoas que se destacaram em trabalhos em prol do País e do Exército”.